"Das ist schön"!
- comercial90984
- 1 de abr.
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Meu pai que sempre amou a música, arte e o belo, pegava sua menina no colo e lhe mostrava, as poucas reproduções de quadros que tinham no seu pequeno chalé. Chamava atenção para as músicas que ele gostava quando tocava no rádio afirmando: "Das ist schön"!
"Das ist schön", isso é bonito" em alemão foi a primeira programação mental que recebi. Ele fizera um curso de controle mental e eu acabei, aos dois anos, sendo parte da sua experiência. Assim, mesmo que jamais tenha me tornado uma artista, sempre valorizei a arte.
Depois, na adolescência estudei na Fundação Evangélica, no tempo do Prof. Sarlet, onde convivemos com a arte, o teatro, a música, filosofia, sociologia e até ecologia. Na época eu achava o colégio bastante rígido e conservador.
Mas, quando lembro das apresentações do Sefrin ao violão, do Olinda Alessandrini, do Werner Schunemann, do coral, do ballet, dos vários grupos de teatros que emergiram no final da década de 70, tudo que vivemos, fico pensando:
- Será? Será que era tão conservador assim? Quantas sementes de escolas de dança foram germinadas lá? Quantas escolas de música e de arte foram plantadas no coração daqueles jovens?
Quantos continuaram cantando, tocando, pintando e tornando a vida mais bonita simplesmente porque foram preparados para valorizar aquilo que nos torna humanos? Nossa capacidade de criar, de emocionar e nos emocionar, de transformar a realidade.
Ora, é claro que na semana passada a notícia do cancelamento da verba para a Orquestra de Sopros de Novo Hamburgo caiu como um meteoro.
No ano passado, durante o FEMUSIK, fui `a três espetáculos, em todos eles, me senti muito grata por fazer parte dessa história. Percebendo profissionais estrangeiros valorizando a nossa cultura, elogiando as salas de espetáculo como a Fundação Scheffel, o teatro FEEVALE, nossa Orquestra e a educação de um público tão receptivo.
Quem eu sou? Eu sou o público!
Eu sou contribuinte, uma pagadora de impostos que prefere músicos à burocratas.
Ahh, mas os artistas são um povo muito exigente! Disse-me um secretário de cultura há uns 25 anos. A arte que sempre acaba por bater na parede do pragmatismo ou do revanchismo. Outra pessoa disse-me certa vez:
- Agora que chegamos ao poder vamos demolir a Fundação Scheffel. Por sorte o secretário de cultura na época era esclarecido e tinha força política. Portanto, não é de hoje a falta de sensibilidade com qualquer manifestação artística.
A vida perde a graça sem arte!
A vida é muito pobre quando não se consegue admirar o talento alheio! É insignificante sem o contraditório, quando só um lado se acha certo.
E, diante de um mundo cada vez mais pasteurizado, ser parte de uma comunidade que aprecia expressões culturais diversas é muito rico. Pena que muitos ainda apenas vejam a riqueza pelo saldo bancário.
Se você também ama a música assine a petição de apoio à Orquestra de Sopros de NH.
Não deixe a nossa riqueza morrer!

Ane Kieling – Palestrante, Arquiteta
Sócia da Cerutti Engenharia e estaqueamento
e-mail ane.kieling@gmail.com
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